terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Cumplicidade!



Cumplicidade!!

Há muito seu travesseiro era seu cúmplice e confidente. Com ele dividia as suas reais preocupações do dia-a-dia. Chegar à meia-idade, sozinho, trazia-lhe certo amargo na boca. Mexia com ele. Realmente, a esta altura do campeonato, se as coisas estavam assim, há que se convir que tinha havido consentimento de sua parte. Óbvio que existe sempre uma justificativa que soa como tom de desculpa – conversa mole pra boi dormir.


Na realidade, fechou-se em seu casulo. Adiou o virar da página, sem permitir realizar seu lado borboleta. Não buscou novos narcisos nem costelas-de-Adão.

Mestre da maldita mania de ser ex/tre/ma/men/te seletivo. Esqueceu-se de que o equilíbrio está no meio. Sua independência nunca lhe permitiu invasões e questionamentos. Sentia-se diferente. E realmente era.

Hoje é capaz de admitir seu engano: o ser humano não busca o diferente e sim o igual. Balela esta tal história de que o positivo procura o negativo. É só observar: o chato gosta da chata, o inculto da inculta, o gentil da gentil, o miserável da econômica… (Ou então a relação tem por base a tolerância).

Acordou tarde. Mas resolveu agarrar-se com unhas e dentes à possibilidade de encontrar eco para ouvir e ser ouvido, compartir e trocar. Ter e dar prazer. Sentir a beleza do silêncio dividido.


O que é cumplicidade pra vc?